terça-feira, 31 de março de 2015

Rei estranho

Sou súdito de um Rei
estranho, sem trono
para sentar-se, mas
erguido mais alto
que todos os tronos,
é ostentado no mundo
inteiro, sobre tudo
Rei, réu soberano

Seu trono, ostensório
de sangue e maldição,
Custódia de amor vero
e extremado, sangrento,
coroa de espinhos o
distingue de todos
os outros, Rei supremo,
humilhado, pequeno

Seu manto, a nudez,
carne que à divindade
reveste e esconde,
sangue que vela
igualmente a natureza
de barro e de pó,
a fraqueza que quis
fosse sua, totalmente

Sou súdito de um Rei
estranho, rendido e
silente, injustiçado,
que se fez maldição,
um Rei que entregue
ao inimigo, vencido
venceu, gáudio inaudito!

Vence o Rei sozinho,
guarda Ele o exército e
sem perdas, triunfa,
o general supremo
morre e vence a morte,
O Rei em seu trono
estranho perdoa e faz
do inimigo seu povo

Sua glória é a morte,
o desprezo, o homem
agora totalmente vivo,
a vida, mais uma vez
revestida da glória
imortal primitiva,
Páscoa, ainda pena,
e espera, Seu Reino.