quinta-feira, 25 de abril de 2013

Mais um

Mais um dia como outros, como tantos outros. Mais um, um dia, e posso contar mais um na soma de meus anos. Tempo que tive, que já gastei, bem ou mal, que vivi, preparação para o que tenho à minha frente. É óbvio, mas dias como este nos fazem fazer memória, voltar ao começo, celebrar, como se hoje fosse o primeiro de todos os dias já passados. E já é passado, já aqui, nas minhas mãos estreito o tempo que não posso guardar, é passado, sempre, permanente.

Hoje é dia de olhar o tempo, à minha frente, presente, passado, todos num mesmo momento, como se já não houvesse tempo, transição, passagem e tudo fosse estável. Não é. Este dia me recorda que passo, marca o compasso de meus passos, de minha passagem por aqui, é passagem. Mais um, um ano que somo aos meus idos, aviso da morte que chega sem avisar. Passa o tempo, chega o final e lá, o que terei feito? Aos erros passados somarei quantos? As virtudes, quantas terei? Conto apenas anos, acumulando memórias mortas, ou vivo sem ater-me a um número que me recorda finito, curto, breve sopro de vento que logo se esquece? Sopro, sou eu aqui, e deixo minhas marcas na areia do tempo até que outro vento me desfaça e me retire daqui, levando-me a outro lugar, outro tempo, onde já não se pode contar.