sexta-feira, 5 de abril de 2013

O que pude ver

Deixastes-vos erguer na cruz
E o que queríeis que eu visse?
Mortificáveis meus sentidos
Com vosso silêncio
Nada eu via de cativante
E não vos fazíeis ouvir
Falastes pouco, apenas faça-se

Vosso silêncio, minha morte
Morre a esperança frágil
De ver-vos vitorioso
De ver-vos vencer meus males
Livrando-me de minha dor
Vivo veramente agora
Vendo-vos morrer assim

Mostrais-me vosso coração
Palavra que não pude ouvir
E beleza que não pude ver
Mostrais-me o mal que me tornei
Deixando-vos ferir de morte
Morre o Cristo por minhas mãos
Eis o que pude ver

Isto queríeis que eu visse
Cúmulo de minha maldade
Erguido naquela cruz o fruto
De meu delito, ora convertido
Em causa de salvação
Fazeis-me ver através dos véus
Hoje rasgados de meu pecado

Fazeis-me ver na morte a vida
Que perdi por minha culpa
Fazeis-me ver a morte que vos fiz
Padecer por minha culpa
E aí deixais a vida ao meu alcance
Desmerecedor que sou de tal favor
Amor que pôde superar minha vileza