quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A Coroação de Espinhos

Pai amado, a Vós sobem nesta hora os nossos louvores, ações de graças e súplicas em favor de nós mesmos e de todos os homens, Vossos filhos, nossos irmãos. Estendei Vossa mão benigna sobre nós e dai-nos de Vossas graças aquelas de que mais necessitamos no meio dos sofrimentos desta vida, a fim de que não nos faltem forças para nos empenharmos em edificar já neste mundo o Reino que alegremente esperamos receber de Vós se vos formos fiéis. Alimentai-nos, portanto, na mesma medida em que empenhamos nossas forças no trabalho de Vosso Reino e sobre nós venha, Senhor, a Vossa graça da mesma forma que em Vós nós esperamos (Sl 33, 22). Livrai-nos assim, Senhor, de todo mal, a fim de que nenhum obstáculo se interponha entre nós e Vós e Vos possamos eternamente amar já desde esta vida até à eternidade. Assim seja.

Ave Maria Santíssima, gloriosa e simples filha de Sião, mulher bem aventurada a quem foi dado gerar o Santo de Deus, a descendência que pisaria a cabeça da serpente depois de ter por ela o calcanhar ferido. Tua obediência leva à ruína o reino de Satanás e de seus seguidores, teu silêncio cala os gritos do inferno e cobre de vergonha os que te insultam, manténs-te impassível como pedra diante das pedras que lhe atiram e que sabes não poderem fazer-te mal. Imita-te a Igreja, de que és perfeita figura e imita-te o Cordeiro, de quem a Igreja é esposa.

É, pois, coroado de espinhos o Rei do Universo, coberto de um manto púrpura o Senhor dos senhores. Tomando nas mãos um cetro, por zombadores é cortejado e escarnecido. Ele, porém, mantém-se impassível, não se rende àqueles que querem fazê-lo cair sob a vergonha e a difamação, permanece de pé e não abre a boca. Escolhe por súditos a pecadores, todos eles, e se deixa por eles coroar por suas práticas vergonhosas, por seus vícios, maledicências, impurezas e toda sorte de pecado. Eis o filho obediente, o servo sofredor, o cordeiro inocente, aquele que deve tirar o pecado do mundo. Deixa-se adornar de imundícies para com elas subir o calvário e deixá-las, mortas, no alto do monte. De lá não sairá Ele com vida, e mortas ali ficarão as misérias que com Ele terão subido.

Teu silẽncio, Doce Mãe de Deus, imitava e prefigurava a paciência de Teu Filho, Dele foste mestra e discípula. Calando-te te prostravas diante da divindade que aos teus cuidados se rendia e agora vês rendida, silencias vontade para que se salvem os que põem pecados sobre Teu Filho. Em silêncio vês Teu Filho mudo, recolhendo no coração tudo que se passa, os sofrimentos e males dos homens, para levá-los todos á morte consigo.

Roga por nós todos, Maria, a fim de que sejamos verdadeiramente nobres e honremos a herança que nos foi concedida por Cristo em Sua Paixão, morte e ressurreição. Ajuda-nos a reconhecê-lo como Rei, e rei coroado de espinhos, e assim saibamos entregar-lhe nossas dores, sofrimentos e pecados, para que, rendidos aos Seus Pés, O possamos amar sem amarras, livres das tristezas que mantinham baixos nossos olhos e não nos deixavam ver-lhe a glória que Ele mesmo nos quis revelar. Amém.

Glórias sejam dadas ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém.