terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Instituição da Santa Eucaristia

Pai Santo, o que seria de mim sem Vós, que me socorreis quando já sem esperanças pereço debaixo de minhas próprias fraquezas e culpas? Sois verdadeiramente meu Pai, porque me conheceis, cuidais de mim e providenciais para mim vossos dons em todas as minhas necessidades, concedendo-me o que preciso antes que eu o mereça, negando-me o que quero e não me convém e amparando-me em minhas decaídas tão frequentes. Sede, pois, glorificado em tudo isso que fazeis por mim todos os dias de minha vida, e que assim, livre de todo mal por Vosso glorioso poder, eu Vos possa louvar e amar por toda a eternidade.

Ave Maria Santíssima, amável virgem jovem de Nazaré, acaso poderias imaginar que tanto serias agraciada? Gostavas de estar sempre com Deus, e de fato estavas e isto te bastava, mas aprouve-lhe dar-te ser ainda mais íntima Dele do que poderias querer, foste feita mãe do Verbo e pudeste gerar em teu seio aquele que no seio do Pai fora gerado na eternidade. Tu levaste em ti mesma a alegria do universo inteiro, a salvação dos homens, a restauração de toda a criação, e permaneceste humilde, simples e silenciosa. Teu alimento era fazer a vontade do Pai e por isso permanecias quieta, cuidando daquilo que era Dele, enquanto Ele te nutria o coração.

Nasceu Jesus e continuavas ali, em silêncio. Vias o Filho de Deus crescer em estatura e graça e guardavas em teu coração tudo que vias e ouvias do menino Deus, do homem Deus, enquanto tu também lhe ensinavas e ele de algum modo também guardava no coração o que do Pai havias aprendido na intimidade e no segredo do coração divino.

Chega, enfim, o momento derradeiro, aproximava-se a plenitude dos tempos e a consumação da obra redentora já estava às portas. Teu Filho reúne, então, para despedir-se deles, os discípulos tão amados que deveriam continuar Sua missão. Antecipa-se a Páscoa, antecipa-se o sacrifício. Nas palavras cheias de mistério e amor de Jesus faz-se sacramento o que em poucas horas escandalizaria milhares de homens e mulheres. Torna-se, à Palavra de Cristo, Sua Carne e Seu Sangue o pão e o vinho naquela ceia. E não faltou o cordeiro, Jesus já ali entregava Sua Carne e Seu Sangue para que os apóstolos Dele se alimentassem: era a Páscoa do Senhor.

Podiam agora, todos, participar daquela mesma união divina que tu provaste em toda a tua vida e que naquele glorioso encontro com o anjo se fazia dom para o mundo. E tu permaneces em silêncio, feliz por ver cumprir-se a promessa do Senhor: começava o Reinado de Teu Filho no coração dos homens, e disso te alimentavas, pois fizera o Senhor em Teu favor grandes coisas e agora, como tu, todos poderiam ter em si o próprio Salvador! Por isso és bendita, Maria, por isso és cheia de Graça! És a nova Arca da Aliança, sacrário bendito do sacramento que dá vida ao mundo, bendita custódia que ostenta diante dos olhares estupefatos do mundo o próprio Senhor do universo, feito homem, feito alimento, feito íntimo dos homens.

Roga por nós, Maria, a fim de que amparados por tua intercessão sejamos sempre fiéis ao desejo do Cristo para que em nós o fogo que Ele veio trazer ao mundo esteja sempre aceso e se possa espalhar por toda parte, até que todos os homens se inflamem do amor de Deus e todos juntos o adoremos na eternidade feliz. Assim seja.

Por tão grandioso mistério sejam sempre dadas, por nossas palavras e por nossa vida, glórias ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém.