segunda-feira, 30 de maio de 2011

Amar

Tenho medo de ver oportunidades passarem por mim deixando a lembrança de que eu nada fiz. Tenho medo de ver quem se aproxima de mim partir sem levar o que tenho de Deus, sem tocar o amor que me toca também. Tenho medo. Minhas forças não me ajudam, minha capacidade é de todo insuficiente, mas Deus continua me dando oportunidades para vencê-las, continua acreditando em mim. Não poucas vezes eu o traí, deixei de cumprir o que Ele me mandava fazer, calei-me, escondi-me com medo. Em outras tantas vezes comecei a obedecer e depois me esqueci, por conveniência, comodismo, desânimo, por não acreditar tanto em mim. Vi pessoas partirem, perdi amigos e outros tantos que passaram por mim e ficaram para trás. Era o que via do lugar onde estava, mas aos poucos me convenço de que foram eles que seguiram, eu fiquei para trás. Olho de longe e já não os vejo, tento chamá-los mas não sei se ainda me escutam, espero. Quisera poder refazer tudo que eu fiz errado, poder corrigir onde não pude acertar, perdoar o que ainda não foi perdoado e encontrar o perdão, recomeçar.

Sei que não posso abraçar todo o mundo, mas vejo tantas pessoas esperando que alguém apareça lhes dando socorro, alguém que olhe pra elas como olhava Jesus. Pessoas que esperam apenas encontrar o amor, amor que eu deveria viver, simplesmente por dizer-me cristão.

sábado, 21 de maio de 2011

O silêncio

O silêncio sempre me inquieta quando me é forçado por minha própria incapacidade de quebrá-lo. Inquieto-me por não saber comportar-me direito, por sentir saudade das palavras que me ocorriam com facilidade e hoje me fogem sem que eu sequer as veja passando por mim. Tenho medo do que isso se pode tornar dentro de mim se eu não souber recolher as lições que me cabem nesse tempo. Tenho medo de ser importuno ao escrever essas coisas e trair essa condição que me foi imposta e deixar que se percam os frutos que produziria. Tenho medo também de deixar que se percam os frutos já maduros deste tempo se guardar o silêncio além do tempo.

Preciso arriscar-me. Se deixo o medo vencer, no dilema constante de minha inconstância, no querer-nascer da arte que me escapa das mãos para livre voar até outros corações, traio minha própria condição, torno estéril o dom que creio ter-me sido dado por Deus. Sei, o medo nunca é a escolha mais sábia. As sugestões que o medo de dá são sempre egoístas, estreitas, limitadas. O remorso é seu único destino.

O silêncio me inquieta, minha incapacidade de descrevê-lo me incomoda um tanto mais e minha razão se revolta contra sua própria insuficiência. Raciocínios já não cabem nas razões que busco para o que sinto e a voz que sem forças tenta falar já não sabe o que dizer, os sentidos não sabem mais o que sentem. À porta de entrada de meu coração, cerrada ao que outrora me agradava, ouço uma única voz me dando conselhos. É o que dela ouvi que aqui escrevo, ensinamentos que para sempre hão de durar.