sexta-feira, 7 de maio de 2010

Variáveis

Variações são assustadoras.
Mudanças não costumam ser
Bem vindas a todos os lares
Nem louvadas por todos nós

Mas variáveis são amigas nossas
Conosco vivem sem conflito algum
E assim vivemos correndo o risco
De nos perder sem saber querer

É a loucura de uma vida perdida
No meio de escolhas aleatórias
Escolhas? Não creio que o sejam
O que de fora se nos impõe

Escolhas? Parecem-me todas iguais
Ilusões de solidez, de estabilidade
Uniformidade de pensamentos estranhos
Que não estranham a realidade

Vamos todos ficando iguais
E assim morreremos todos iguais
Iguais todos que a si mesmos usam
Usando a outros que também o fazem

Variações, as tememos todas
Mas Variáveis queremos, mesmo tolas
Não se pode ser de um só apenas
E nem mesmo dono de si mesmo só

Muitos querem que sejamos todos
Todos tolos que não se veem assim
Perdidos em si, presos em outros
Presos a si, pendendo a todos

São assim os que se fazem loucos
São assim os que se querem tolos
Usando os outros para seu prazer
E assim só servem ao prazer de todos

Ao prazer de todos que qual eles são
E não se percebem na contra-mão
Do natural progresso da racional razão
Irracionais se fazem pensando pensar

São todos racionais, a ciência diz
Todos esses que a si mesmos perdem
Mendigando alguns minutos de atenção
Mas a vida, amigo, o contrário prova

Variações, se possível, sejam poucas
Mas variáveis, as queremos todas
É mais fácil viver na indecisão
Que contra o acaso erguer a mão

Quando a mim, não quero viver assim
Não ficarei sentado esperando o fim
Não verei a vida passar por mim
Sem que por ela eu tenha passado