quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Vida

A vida é revelação do que está dentro de nós. Nascemos e somos de algum modo iluminados por uma luz que até então desconhecíamos e aos poucos nos vamos construindo, a partir dos materiais que guardamos com o passar das horas. A matéria prima de quem somos é o que entrou em nós por força daquela luz do princípio, nossos sentidos trazem o mundo para dentro de nós e assim seguimos vivendo, mas não somos apenas sentidos, somos também espírito, vida que não pode viver de instintos, de escolhas aleatórias pelo que mais satisfaz. Às vezes penso que a vida tem, na verdade, seu início nessa descoberta, na visão desta luz que alcança mais do que aos nossos sentidos e sentimentos, vai ao nosso espírito. É neste contraste que está a vida, na aparente morte do que nos é sensível, quando os sentidos se tornam secundários. Acredito nesta verdade, quando somos capazes de deixar os limites vagos do que sentimos é que realmente nascemos. Nascer é de algum modo romper com uma realidade passada, é sempre morte – paradoxo estranho da existência, porém sempre verdadeiro, a páscoa é sempre concreta. Não quero permanecer na superfície de mim mesmo, eu quero morrer, quero viver. Espero que você queira também. Este é meu desejo mais sincero.