domingo, 10 de maio de 2009

Redundâncias

Tantas vezes fui traído pela minha capacidade de falar que falhou, que me fez parar no silêncio constrangedor de interromper o discurso por não saber continuar. Repetições, períodos que voltam e ocupam o lugar dos que eu não soube construir. Palavras que dizem o que outras já disseram, sinônimos que disfarçam a ignorância e escondem a incapacidade de dizer o novo dizendo de novo. Palavras que se repetem que apenas descrevem o que não é apenas discurso, símbolos de redundâncias concretas que viciaram nossos olhos, neutralizaram nossa capacidade de mudar, de diferenciar, de nos distinguirmos dos outros. Viver é esforço contínuo para alcançar a liberdade, a suavidade de ser natural, sem a artificialidade dos discursos contruídos para parecerem profundos e esclarecedores. Esta é a vida que eu escolhi.

Quisera que a vida fosse sempre original, sempre nova em todos os olhares, inclusive no meu. Trago comigo a Palavra que me permite dizer, que constantemente me interpela a respeito daquilo que sou antes que eu queira dizer qualquer palavra que seja, e que sustenta em mim a vida que questiona a si mesma se aquilo que disse tornou-se vida, para que não seja mais necessário repetir. Repetições, redundâncias que costumam denotar a recusa em transformar o que enunciamos e anunciamos naquilo que vivemos. Deus, eterna matriz de minhas razões, desejo seja Ele o sujeito dos verbos que ainda não conjuguei.