segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Vidas

Há vidas nessa vida que me permitem o divino convívio apenas com suas presenças simples e silenciosas, de poucos encontros, ou muitos, de olhares que dizem mais do que poderia pronunciar, abraços que as despedem de mim e deixam uma saudade que não me retira a tranqüilidade que Deus conserva em meu peito, mas a ausência que permanece no lugar dos encontros que se foram faz crescer em mim uma felicidade ímpar, uma alegria que não sei traduzir senão por lágrimas, por ter podido experimentar o Amor divino num carinho humano.
Há vidas que olham para mim como a um pai, outras como a um irmão, outras como a um amigo, mas em todos esses olhares que repousam sobre mim, em tantos contextos, me admira ver a misericórdia de Deus que me quer sempre por perto, porque a felicidade que vejo neles, que me dizem o tempo todo que amam o Deus que vêem em mim, me obriga a guardar intacta minha fidelidade. É evidente, muitas vezes caio, mas minha infidelidade me obriga também a acreditar que Deus me ama infinitamente mais do que acreditava antes das quedas, porque depois delas Ele continua sorrindo pra mim e me amando naqueles mesmos olhares humanos que quis se aproximassem dessa pobre alma que não sabe dizer muito sobre Ele.
É verdade, não sei dizer muito, mas sei dizer que se Ele quer ser amigo, irmão ou pai de alguém por meio de mim não posso querer outra coisa, porque essa mesma vontade divina é a que ainda me conserva aqui onde estou, e que desejo conserve até que se torne impossível separar-me outra vez desse Amor, na eternidade.