quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Um Rei oculto

Entre os homens caminha um homem desconhecido de muitos, anônimo, desfigurado e transfigurado, invisível e oculto em imagens que não atraem nossos olhares. Os homens não querem vê-Lo porque roubam para si a glória que é Dele, e se envergonham de ver diante de si a verdadeira realeza que imaginam possuir. Os homens pensam ser ricos, quando na verdade sua pobreza é maior do que a daquele que nada possui. Aquele que vive abaixo de todos, vive acima de tudo, e os que pensam possuir tudo, perderão tudo, e no fim nada serão.
Entre os homens caminha um rei coroado de espinhos, glorificado com uma realeza de dores, exaltado numa cruz, seu trono. Enquanto os homens se gloriam de serem ricos, ele é glorificado na pobreza; no extremo do mundo se colocou, como o último dos homens e o primeiro deles também, o menor já nascido e o maior de todos, modelo perfeito que todos devem seguir.
Entre os homens caminha um Deus feito pobre, humilhado e glorificado aparecendo pequeno, glorioso e glorificado quando desprezado pelos homens, elevado sobre todos quando colocado abaixo de todos, um Deus feito pequeno para que Dele se aproximassem os menores que Ele, para que Ele, erguendo-se, os exaltasse em Sua glória. (1)

(1) cf. Santo Agostinho. Confissões VII, 18