sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Moral

Parece que falar de regras sempre gera desconforto, mas hoje não estou muito preocupado com isso. A palavra regra ganhou uma conotação negativa e falsa, especialmente quando se trata de regras morais religiosas. Não pretendo criar um conceito definitivo, mas quero iniciar deixando aqui o conceito que norteará esta reflexão: A regra moral é a definição formal do que é naturalmente correto.

Analisando a doutrina moral da Igreja Católica, por exemplo, esse conceito é bastante claro, apesar de, para alguns, as regras dessa doutrina não serem compatíveis com uma realidade mutável. Há aí um erro que nem todos percebem, apesar de bastante nítido. Não há razão para se definir uma regra moral se esta se submeter às alterações de comportamento daqueles a quem será aplicada, mesmo se essas alterações se tornarem tão comuns a ponto de parecer errado, por que menos comum, o que obedece à regra; seria uma solução muito cômoda. As regras morais têm, por definição, um fundamento moral, e não prático, portanto o que proibiam no passado proíbem ainda hoje.

Toda moral consiste num sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras”(1). Quando isso não é aplicado, só há obediência à regra enquanto houver vigilância. O que observamos hoje é conseqüência da irresponsabilidade de muitos dos que se comprometeram com o ensino do valor das regras morais, mas negligenciaram tal responsabilidade e se ocuparam em apenas dizer que essas regras deviam ser observadas. Essa imposição retira a liberdade das pessoas, contrariando o Evangelho. Já disse isso aqui e repito, a pregação de Jesus nunca foi uma imposição de valores, mas sempre uma proposta que colocava em evidência a liberdade daquele a quem Ele se dirigia.

O dicionário define moral como “Conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.(2). A partir de tudo isso, e sabendo que um indivíduo só pode considerar-se membro de um determinado grupo se aceitar as determinações daquele grupo, inclusive as normas de conduta moral, uma pessoa só pode considerar-se cristã se obedecer, além de outras coisas, às regras morais da religião cristã. Não digo isso para condenar os que seguem regras diferentes das que eu sigo, mas apenas para dizer que ser cristão não é um título ou patente que deva ser ostentada, mas o cristianismo é, antes de tudo, norma de vida.


(1) Jean Piaget
(2) Dicionário Aurélio